domingo, 15 de dezembro de 2013

Viagem ao futuro em 1997: a Cibercultura de Pierre Lévy

Pierre Lévy é um filósofo francês da cultura virtual contemporânea (wikipédia). No seu livro “Cibercultura”, um relatório sobre novas tecnologias que foi apresentado ao Conselho Europeu em 1997, Lévy aborda “as implicações culturais do desenvolvimento de informação e de comunicação” (p.17).


Dois conceitos básicos no pensamento de Lévy são o Ciberespaço e a Cibercultura. A palavra “Ciberespaço” foi inventada por William Gibson na sua obra de ficção científica “Neuromante”. Lévy usa-a para definir o novo universo que resulta da interconexão mundial dos computadores e que consiste num novo meio de comunicação formado pela infra-estrutura material da comunicação digital, as informações nela presentes e os seres humanos que nela navegam e que a alimentam. A Cibercultura, palavra proposta pelo próprio Lévy, corresponde ao conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, atitudes, valores e maneiras de pensar que se desenvolvem concomitantemente com o ciberespaço.


Levy divide o livro em três partes. Na primeira, apresenta de forma genérica o impacto cultural e social de todas as técnologias, fornecendo definições dos principais conceitos técnicos envolvidos nessa transformação societal, como por exemplo a digitalização da informação, os hipertextos e hipermídias, as simulações em computadores, a realidade virtual, as funções das redes interactivas, nomeadamente, da Internet. Na segunda parte do seu livro, Lévy descreve o que designa “retrato da cibercultura”, i.e., as implicações culturais do desenvolvimento do Ciberespaço. São exemplos a nova relação do homem com o saber e os sistemas de educação emergentes. Na terceira parte, são apresentados os aspectos negativos da cibercultura.


Um primeiro aspecto que gostaria de salientar nesta obra é a ideia de que a essência da Cibercultura é o Universal sem Totalidade. De acordo com a próprias palavras do autor (p. 111): “A cada minuto que passa, novas pessoas passam a aceder à Internet, novos computadores são interconetados, novas informações são injectadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais se torna “universal”, e menos o mundo informacional se torna totalizável. (...) trata-se de um universo indeterminado e que tende a manter a sua indeterminação, pois cada novo nó da rede de redes em expansão constante pode tornar-se produtor ou emissor de novas
informações, imprevisíveis, e reorganizar uma parte da conectividade global por sua própria conta.


O segundo ponto que saliento da leitura desta obra é a tese de as comunidades virtuais exploram novas formas de opnião pública, que pela sua interconectividade tornam possível a liberdade e alcance anteriomente impossíveis.


O terceiro aspecto que despertou a minha atenção neste livro diz respeito às mutações da educação e a uma nova economia do saber. Nesta área, o Ciberespaço veio permitir a personalização da formação, uma vez que as pessoas podem aceder a novo conhecimento extremamente diversificado, à medida das suas necessidades reais e do seu trajecto de vida.



Referências

Lévy, P. (1999). Cibercultura. São Paulo: Edição 34 editora.

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